o meu passado

tenho uma casa que ainda me consola

uma casa muito feia, que é ela que

me olha, que me dá o sustento, que

me fala nos olhos, que me diz bem

baixinho: você é muito aos meus olhos

tem quartos e sala, um corredor de

cimento, o quintal com muitas árvores

que nos alegra do seu ventre,

uma cozinha cheirosa que nos

invade o sentimento, com aroma

de café , de mingal, feijão e coetro;

nos quartos dos fundos, meu pai e

minha mãe, que vivem no escuro de

dentro, minha vó no quarto do meio

esperando a volta de outro tempo

no quarto da frente, Ernécio, tio Léu

e marlene, três celebridades daquele

momento, gente diferente, que tinha

estudo e dinheiro, que me dava atenção

como seu fosse o mar do marinheiro