MATIZ
Naveguei no mar vermelho
Pintado em minha parede...
Na superfície, poucas algas
e uma casca espessa
de futilidades...
Um vento salgado
Soprando em meus sonhos...
Tempestade tão perto
Me levando para longe...
Naveguei por tempos
Sem perder de vista
O mar azul dos meus olhos...
Investi numa jornada sem volta
Buscando o fundo do mar...
Vermelho mar,
Afogueado que nem meus sentimentos.
Corado feito meu juízo
Picante tal qual meus desejos...
Perdi-me nas profundezas...
Pigmentos em tintas que se misturam
Solúveis em água
Dando vez ao azul dos dias claros.
O espectro visível de minh’alma
por mares dantes
nunca navegados...
É doce o fundo do mar...
É azul se não o sabes...
Safira capaz de deslumbrar olhares,
Céu sem nuvens preenchendo o universo,
Rara íris daqueles que têm sorte...
No fundo
Bem no fundo firmamento
Se finda a superficialidade
Para vir à luz
o íntimo azul em todos os tons.
O âmago do meu mar vermelho é azul...
Como minha essência.