A RUA DA MINHA SOMBRA

À semelhança do conteúdo ambulante,

que se vende como bálsamo de rua,

de uma ruela que me avista diante,

da sombra que me afrontou nua...

Como em cativeiro do que se esconde,

na incerteza da razão do profeta,

senti a frieza do motivo onde,

o vulto sobrio sobre a esquina aperta...

Como chão de uma tinta que afunila,

sobre o olhar tonto da vizinha,

que sombria olha o desaparecer em fila,

da minha sombra, seguida de mim próprio...

Nuno Godinho

21-10-2012