Sob o Negro Véu da Noite
Sob o véu negro da noite escura.
Esconde-se minha tristeza
A noite escura
Abriga a tristeza dos corações chorosos.
E o bom da negritude da noite é isso.
Esconder nossas mágoas.
Nossas decepções.
O véu negro da noite.
É denso em extremo sobre minha cansada visão.
Porém esse véu negro é perfurado pelas
Estrelas brilhantes que povoam o céu.
Essas estrelas são pontos brilhosos
Que juntas formam constelações.
Coleções de estrelas
Formam desenhos pontilhados no céu.
Assim são minhas tristezas vividas
Todos os dias
Elas bordam pontos tristes em minha vida.
Que nunca se apagam.
Sob o negro véu da noite
Esconde-se cansaço de viver.
Escondem-se lágrimas.
Escondem-se desilusões ou ilusões
Que se desfarão em outro dia qualquer.
Ilusões são enganos,
Falsas esperanças
Que tentamos enganar nossa alma
Sob o véu negro da noite.
Choro silenciosamente minha vergonha
Meu desconsolo.
Minha dúvida eterna sobre o viver.
Curto meus pontos depressivos
Vividos por minh’alma.
Curto a desesperança detectada
No final de cada dia.
Desesperança de dias melhores
De noites felizes.
Sob o negro véu da noite
Espraia-se uma multidão
De carentes sob as ruas
Em busca de diversão que não divertem
Multidões vão às capelas em busca
De uma religião que não satisfaz
Não há mudanças sociais
Nem pessoais.
Sob o negro véu da noite
Busco desesperadamente
Dormir em paz.
Oro para acordar em paz.
Medito em busca de respostas para a minha
Humana e inconcebível existência.
Continuo buscando uma libertação que não vem.
Busco entender o que me acontece.
Não vejo saída.
Não vejo solução
Não busco religião
Contento-me em viver apenas.
Quero dizer, existir.
Conviver comigo mesmo.
Sob o negro véu da noite
Há um quê de sedução.
Que me leva a uma distração.
Caindo no mesmo ponto: a ilusão.
Provocando em seguida a desilusão.
Há um quê de tristeza
Que ninguém consegue ler
Sob o meu triste olhar.
Que ninguém consegue sondar.
Sob o véu negro da noite
Sinto minha consciência falar.
Sinto o meu espírito clamar.
Mas não vejo nada melhorar.
E fico sempre a questionar.
Como vou consumar.
O dilema de questionar.
A vida com seus nós.
Cálamo de Poesia
17.03.13