O ESTRONDO DO MUNDO

No estrondo do mundo,

opaco barulho que atinge o auge audível,

em uma presença constantemente assombrada do fundo,

da voz da multidão nublada mas acessível...

Primeiro querer onde navegando se levantam,

as ondas de metros que se aguçam,

onde em cada quebrada no vazio tão frias se encantam,

para se encontrarem numa só harmonia onde as palavras se debruçam...

Ronco do mundo mudo,

que sem pensar nele próprio defende a humanidade,

como se a melancolia humana servisse de escudo,

onde o abatimento da alma se difunde na verdade...

Mas como um pensar diferente trás a própria diferença,

que encontra parecença nos lados ocultos,

porque a simetria da vida intensa,

não procura no mundo razões para os seus tumultos...

Onde vive o mundo,

está a multidão...

Onde vivem as palavras tão frias,

viaja a humanidade...

Assim se encontra o abatimento da alma muda para o mundo,

como se o estrondo escondesse um Fim...

Nuno Godinho

9-3-2013