Crise

Não pensem que os poetas

são esses fantasiosos e lunáticos,

que andam com o corpo amortecido,

distantes da realidade, estáticos;

vivendo de escrever, com o copo sempre cheio,

declamando nas mesas dos bares, exigindo pouco de si

e do mundo pra viver.

(embora necessitem por só assim encontrarem-se)

Os poetas procuram imóveis

vão ao banco, apoiam partidos,

pegam ônibus, xingam no trânsito,

fazem monografia, estudam o trabalhismo;

leem jornais, vão ao supermercado,

querem ir a Porto Seguro, contam as moedas,

trabalham com os pais.

(embora só por necessidade encontrem-se assim)

Porque o poeta

é essa crise permanente

entre ganhar a vida

e perder-se nela.

Lucian Rodrigues
Enviado por Lucian Rodrigues em 08/03/2013
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