ÚLTIMAS CAMÉLIAS
 
No vaso bege, camélias frias e altivas
denunciam a última vez em que cativa
entreguei-te a alma e o corpo em chamas
para depois sentir o gosto amargo do adeus,
os últimos beijos e carinhos teus
no palco resplandecente daquela cama.
 
Do amor partido naquela noite de cristal
restou ainda o velho samba de quintal
a ecoar no compasso do desejo hirto.
Desfolhada a esperança, rompeu o pranto
repisado por conhaque e desencanto
detrás duma janela a olhar o infinito.
 
Desvanecendo assim, sem um lamento,
estranha e só nesse desalento,
sem saber, sequer, se morreria,
busquei ávidas e doces lembranças.
Ao olhar as camélias veio a desesperança;
eu soube, então, que jamais voltarias...
 
 
 
 ( imagem google)