AMOR INCONDICIONAL

Não deixamos restos

em nossas dízimas periódicas,

elas terminam sempre

em beijos apaixonados.

Somos exploradores

dos nossos ângulos,

dos segredos escondidos

em cada retângulo,

quadrado,

ou circulo.

Brincamos de surfar

pelos nossos picos,

escorregamos pelas fendas,

mergulhamos

nas grutas.

Somos artistas

de uma obra só,

e nos desenhamos

cegamente em cada madrugada.

Desenhos de carências,

uma mistura

de sussurros e gemidos,

uma vontade

de sempre querer mais.

Ah!

essa carência mútua,

eu de você,

você de mim.

Essa carência

que nos eleva

a uma potência de dois.

Que se soma

nos momentos de carícias.

Que se multiplica

nos momentos de êxtase.

Pra depois se dividir

na paz de um sono tranquilo,

um sono de anjos saciados.

E mesmo adormecidos

continuamos a nos querer.

Talvez,

num sonho,

ou ao acordar

de um sonho.

Com aquele sorriso

maroto nos lábios,

com aquela doçura

de novos desejos

entrando em ebulição.

Então criamos

outras tantas

dízimas periódicas.

Exploramos novamente

nossos ângulos,

retângulos,

quadrados

e círculos.

Nossos picos,

grutas

e fendas.

Nossa obra

é sempre perfeita.

Uma mistura

de desenho cego

com geometria.

Uma mistura

incondicional de amor.