Ventania
Ventania.
Voam árvores arrancadas,
A natureza estampada vítima de si mesma.
Vulnerável a nuvem,
Derretendo-se em prantos,
Molha o chão.
No meio do caos, da poeira levantada,
Seguem as máscaras com medo
de serem arrancadas.
As pessoas se escondem
em suas bolhas particulares.
O caos criado num momento qualquer,
Instabilidade, receio de perder
as conquistas materiais.
Olho para os lados,
por descaso sumi de você.
E os gritos mudos pro mundo surdo
Abandonam-me só,
Imitando o olhar fechado das nuvens,
Cego em meio ao pó que suja o ar,
Tudo opaco, pálido.
Vão-se os braços dos abraços,
Vão-se os lábios de sorrisos,
Vão-se as pernas impotentes
sem ter pra onde correr.
Permanece o coração, pulsando até o fim.
É só que restou de mim.
Vai-se a chuva, o vento,
Vem o sol, uma luz estonteante.
Oh não! Oh não!
Pega-me, desprevinida, a sofrer.