Uma lembrança (II)

II - Golpe de ar

Às vezes quando venta o vento,

Mesmo que leve e lento é vento

Fazendo as vezes de tormento

À velha chama do momento.

Corre à janela em desalento

A velha, a ver, se avisa ao vento:

Há vela ali, logo ali dentro

Que a velha chama de momento.

E a vela vã c'o pensamento

A velha vela a seu contento;

Vendo que o vento afeta aumento

A velha clama: um momento!

Mas firme e estoico segue o vento

E a velha tranca o pensamento

Pra ver se a guarda ali dentro:

A velha chama do momento.

E o vento venta e venta o vento...

E a velha, qual fosse ao relento,

Sente-o mais forte; apaga o tempo

A vela e a chama do momento.