PAIXÃO DA SOLIDÃO
Como a brisa beija uma flor,
Assim os meus lábios...
A flor em viço licor destilou,
E por ti poreja em amor...
N’alma sentia afagos,
Qual acalanto em noites vazias...
Era corpo querendo afagos,
De ouvir as entranhas apertavam,
Faiscavam os olhos da pele co’ a
Boca engolia os desejos,
Em brasas queimava a terra,
E a chuva caía alagando...
E exalava em cheiro suave,
Terra rachada, solo ardente,
Bebia-te aos goles, sorvia
No leito dos rios.
Era chuva de verão causticante, em terra ressecada...
Terra seca, solo ressequido estaguinado,
Caiu às águas, inundou, encharcou, fez nascer...
Deu vida a semente adormecida...
Brotou a erva,
Nasceu à flor...
Veio o inverno da solidão.