Nau Catrineta
Lá vai a nau Catrineta
Sem mares para navegar
Os barcos são como a vida
A idade os faz parar
Agora não aporta a molhos
Carregada de especiarias
Só lhe resta escolhos
E inglória nos seus dias
Lá vai a nau Catrineta…
Memória da minha infância,
Navegando de ambulância
Num mar de terra,
Amuada,
A rasgar tão longa estrada
No mundo da poesia
Do dia faz-se noite e da noite dia
Sem haver nisto contradição
Porque é mundo de magia
Agora,
Lá vai a nau Catrineta
Não de ambulância
Mas de lambreta,
Desenhando piruetas
Nas curvas da minha infância
A história incrível da nau Catrineta
Que tem muito que contar
Não passa de um lamento
Da memória…
Um desejo de resgatar
Tão velha glória.