minha memória
é como fogo
um templo sem parede
uma nuvem incessante

entro na vida,
tiro as sandálias
num remoto tempo
de uma  antiga  saudade

sigo a bordo dos mistérios
das rendas misturadas ao passado,
não posso dizer a hora
de cada tarde a contemplar
as ressacas dos instantes

em algum momento
meu avião é o viajante,
em minha mente
sou o relógio,
sou o próprio tempo

a vida pode alegar
que estou presa
presa em todos os lados,
sou uma mulher que dorme
acordada

sou um reguardo de mim mesma
sou apenas uma renda
em alguma toalha bordada,
um fogo insano,
um templo sem parede
a contemplar as ressacas dos campos,
dos mundos,
dos longos silencios
de toda minha vida


olguinha costa
Enviado por olguinha costa em 14/02/2013
Reeditado em 14/02/2013
Código do texto: T4140240
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