A POESIA

Por te amar, abandonei a Poesia,
minha eterna companheira.
Sei que não foi exigência tua,
apenas displicência minha.
Teus afagos, o espumante, a lua,
quem sabe a ternura e a fogueira
do teu corpo em desejos na areia!
O sol não é o mesmo à tardinha.

Sei que ela me perdoará,
pelo longo tempo em que estivemos juntos,
pelas infidelidades inatas
dos poetas; pela compreensão dos leais.
E nós, entre nossos tantos assuntos,
falaremos dela, das sagas ingratas,
dos destinos. E saberemos que lá,
no tempo das fantasias, somos reais.

Apenas ela sobreviverá a mim
e ao nosso romance. Retida num verso
em rascunho, na rima incompleta,
na melodia desafinada do amor,
ficará como a lembrança discreta
do que seríamos na mancha carmim
do beijo apaixonado. Ficará no odor
de nossas peles espalhado no universo.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 01/02/2013
Reeditado em 14/03/2013
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