Mãos.

Mãos

Olho minhas mãos calejadas pelo tempo, sem calos.

Demarcados pela labuta do dia-a-dia.

Olho minhas mãos tristes, enegrecidas pelas noites mal dormidas.

Olho nos olhos lampejo de dor.

Desalento incolor.

Sulcos da vida, vôos de beija flor.

Olho minhas mãos, vida em construção.

Rastro, história, desertificação.

Riacho que corta vereda de sonhos, amores e ilusões.

Desilusão ao largo, disseca padrões.

Olho minhas mãos, vida arte, sedução.

Lembranças paixão.

Olho minhas mãos, meus amigos meus irmãos.

Escuridão na noite caminha em sonhos.

O vento sussurra aqui ali uma ou outra canção às almas.

As pedras uma só canção.

Cães que ladram.

Crianças que choram, passos na penumbra busca em vão.

Olhos nos olhos, esperança ilusão aperto de mão.

Olho minhas mãos sua vida sua historia, seu caminho sua gloria.

Seus anseios, suas cachoeiras e ribanceiras.

Caminhos e descaminhos.

Num aceno derradeiro verdadeiro saudosa ilusão.

Minhas mãos!

Carentes, sedentas aflitas, infinitas sorridentes.

Eloqüentes e vorazes.

Audazes insinuantes dramáticas.

Felizes e emblemáticas.

Meu espelho de ilusão.

Amantino Silva 08/09/2009