ENCONTRO MARCADO

Era brisa

agora é vento,

quase um lamento

no canto das árvores

nas noites de abril.

Abril de um outono imutável

como as estrelas do céu,

como o salgado do mar.

E desse lamento

somos cata-ventos

expelidos em forma de vida.

Diante de um espelho

às vezes, somos épicos,

outras vezes,

doidos varridos

quase estrebuchados.

Somos fugazes

nas virtudes.

Somos modelados

defeituosos e monstros

pelas maldades.

Tentamos muitas vezes

substituir os santos

nos altares.

Fomos contaminados

ainda no tubo de ensaio.

Fomos criados

para ser a essência da graça,

quase divindades.

E fazemos da vida

um passatempo,

carrossel,

roda gigante,

montanha russa.

E podemos contar

muitos outonos imutáveis,

mas não há fuga

nem esconderijo

em bolhas de sabão,

cedo ou tarde,

teremos um encontro marcado

com a extrema-unção.