Papel e Caneta (Sem borracha com parte vermelha).

Escrevo no papel por rascunhos serem mais fáceis de se consertar.

Desço das nuvens até o mar

Procuro um lugar para descansar.

Não encontro.

Ao meu redor só há cinzas.

Cinzas de cigarro jogadas

Ao relento, levadas pela maresia.

A tua foto, guardei no porta-retrato -

papel de parede do meu celular.

Coruja dourada,

Olhos ébanos, parada.

Do teu pescoço já não se encontra.

Tá pendurada pela ponta do meu monitor.

Ao meu redor só há cinzas.

Cinza das nuvens sobrecarregadas.

Pancadas de chuvas desastradas.

Tão desastradas que vão levando vidas.

Encobrindo debaixo d'água;

E já nem se ouve os gritos de socorro.

A vida só se esvai.

A vida daqueles próximos, dia a dia.

A fragilidade da vida humana me surpreende.

Mais fácil escrever com papel e lápis.

Dá para apagar.

A caneta não. Só se acaba com papel e caneta

Se rasgar.

A H
Enviado por A H em 21/01/2013
Reeditado em 03/06/2015
Código do texto: T4096001
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