A Dança da Vida

Na dança da vida não sou mais um ser qualquer

Achei-me em um a mais que nós dois somente

Pela identidade encontrada em conchas e algas

Sou miríades de cerejas minando de estojos

Cascas que desfolham bailarinas entre sóis

Uma linguagem de nossos átomos em conexão

Dançamos serpenteando embolados e certeiros

Despojados como hipopótamos em altura e peso

Até nos sentirmos à vontade num vôo com o outro

Suamos em tranças de distintas e claras percepções

Quase retos na difícil arte dentre muitas a despertar

Ao largar os cacos das louças internamente quebradas

Tendência em existir num sentido incomensurável

No melhor dos tempos se permitindo durar no pouco

Outros são desenhos que se desfazem desbotados

Justo por não aceitar o real presente do bordado novo

Acertamos o que as horas a passos largos trazem do dia

Percebendo as qualidades e virtudes que nos invadem

Conhecendo tensões e matérias que nos impedem

Dançar a vida que nos atrai por relações diversas

Como animais imersos no viço da emoção humana

E erros por não fazer o que é próprio a natureza

Mesmo sabendo que o tempo é uma coisa viva

Que não deixa confundi-lo com o relógio que criamos

Nossas vivências provam o que o corpo encobre

Quer se estender no mesmo espaço raro dos atos

Dando voltas de costas no dorso de suas costas

Quando a cabeça deita no ombro uma linda lua