De açúcar e aço
Sim, sou de açúcar.
Sou o doce na boca da menina,
o mel dos xaropes caseiros
e a glicose no sangue do bêbado.
Sou o açúcar,
refinado de educação,
light por opção
e mascavo por devoção.
Sou aquele último grão de açúcar
que dá o melhor sabor ao café,
Sou aquela xícara e meia de açúcar
das receitas da vovó
e o pote de açúcar vazio de alguns diabéticos.
E mesmo sendo de açúcar,
saio que nem um louco na chuva para
regar minha alma, limpar minha
consciência, mergulhar na
doçura dos lábios dela.
Sou de açúcar,
desde o primeiro guarani, desde a união das utopias,
desde as últimas caravelas... sou o açúcar que
sempre se dissolve.
Sou, sou de aço ali, de aço cá.
Sim, sou de aço!