Nas Ruas
A madrugada é o eco surdo de um silêncio infindável
Rompido apenas pelas percepções extra-sensoriais
Que juram incorruptivelmente que o sentimento mais afável
Não deitou-se eternamente como todos os mortais
Nos becos, só a fumaça de qualquer papel queimando
Nas ruas, jornais varridos pelo vento como toda e qualquer história
Seus olhos desfocados vislumbram quase cegos o tempo passando
São segundos eternos pingando dos tonéis arcaicos da glória
Bem mais altos que os viadutos desta selva de pedra
Erguem-se seus olhos embriagados da calçada aos céus
Pergunto-me que amor seria este a que não negas?
Que sentir esse que entrelaça-lhe os véus?
Desventurada garota entorpecida, réu de causa perdida
Sem um advogado de defesa, apenas tens a quem lhe fira
Sua juventude some num espiral de libido e vertigem a que te entregas
Enquanto insone perambulo espreitando teus passos, envolto em trevas...