Exorcismo

Cada hora gasta mastigando a língua

brincando com um saleiro num restaurante fedorento,

cada música que compete

num banco duro de busão com a sinfonia do rush,

cada cigarro fumado pra madrugada durar menos,

cada devaneio pra se agarrar à cama

numa manhã barulhenta de domingo,

cada cochilada sentado num granito de uma praça seca

daquelas que deixam sua bunda coçando e acontecem porque seus olhos não aguentam mais ficar abertos,

é só um lugar,

um lugar entre a cruz do tédio e a espada do medo,

a posição mais desconfortável pra se encontrar,

no topo do muro da resignação,

onde ficar parado é cansativo

e se mover é doloroso, onde não há foda-se que baste.