Sempre sou outra

Ao voltar de Juiz de Fora,

sempre sou outra:

redescubro no olhar

o rosto da última despedida.

Não estar perto dos meus entes queridos

me torna uma mulher forte, pois

posso aguardar nos meandros do tempo,

enquanto não os vejo; refaço

os contornos dos olhos de cada um

e espero a imagem se dissolver

e se recompor novamente.

E assim vou seguindo:

Com o relógio se detendo

sobre as horas vivas

quando colho o calor

e me aqueço em silêncio.

Rosemary Chaia
Enviado por Rosemary Chaia em 04/01/2013
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