TEMPORAL
Agora e sempre
sou aquele que passa
sem graça,
sem deixar lembranças
de que já foi apoteose,
simbiose alucinante
de um arco-íris
descolorido com blondor,
e sem pote de ouro no fim.
Estive no começo e no fim do Raul,
e estarei no teu,
e no teu!
e no de outros tantos
que virão.
Sou o único caminho,
a única porta,
não tenho fechadura,
porque ninguém volta
depois de entrar.
Sou o teu lado obscuro e obsceno,
o teu medo.
Sou o desconhecido,
quase uma dor.
Sou um caçador
de almas penitentes
e perdidas,
rio caudaloso
da última esperança,
que todos carregam
em seus passos.
Sou um eco da sopa primordial,
brinquei de escorregar
pelas galáxias,
de esconde-esconde
pelas estrelas.
Estive nas cavernas com as bestas,
nas árvores,
nas lanças,
no sangue,
nos grunhidos,
no fogo.
Andei pela cabeça
de Albert Einstein
e Steve Jobs,
estou na genialidade,
na ganância,
na hipocrisia,
na fé,
nas matanças
na destruição.
Sou alimento
e fome,
doença
e cura.
Sou a ruptura
do silêncio
atravessando o mundo
em segundos.
Escrevo teus dias
num Tablet de DNA.