ERRANTE

E agora

o que faço com essa calma,

com essa paz na alma,

com esse infinito todo meu.

Fecho os olhos

e não vejo escuridão,

tudo brilha

como galáxias dançantes.

Retomo o caminho

de onde parei,

de onde quase dei

marcha à ré.

Quero reconstruir

os meus desejos,

como fontes aladas

de teoremas insolúveis.

Já não temo a noite,

os sons de calafrios,

Talvez, o monstro

fosse simplesmente eu.

Mas, sou um tatuador zen

traído pelo tempo,

quase um despudor

uma carcaça amaldiçoada.

Minha alma está em paz,

meu corpo continua cansado.

No fim,

quero ser como estrelas errantes

e fugazes,

que só os escolhidos viram passar.