Dispo-me e voo...
Quadrículos de sombra
prendem solidão...
Na gaiola, o pássaro trina,
soluça libertação...
Despudoradamente
dispo-me e voo.
Salivo um adeus
sem lágrimas...
pego o céu
Um gorjear
lunar me alcança;
- É você, o pássaro que canta?
Diz-me, é você
mostrando o caminho
da esperança?
Ondas de arrepios
erguem (me) as plumas
e as cicatrizes nuas
sangram ao relento.
Dá-me tua brisa de ungüento...
Vejo chaves rodopiando no ar
Olhos na fechadura
Mandam parar
Devoro tuas palavras (in) ternamente,
é o alimento, no silêncio,
sustentando a ave que voa
na calada da noite.
Despudoradamente
dispo-me da solidão...