O RAMO DE FLOR PRESO AO TEU CABELO

Que dor é essa que me corroi a alma

Fazendo-me mirar nos umbrais das janelas vazias

Tornando sua existencia tao vil e febril

Traçando minha infelicidade tao certa

Na ausencia do que antes trazia-me risos?

Que dor é essa que me dilacera o peito

Pousando meus olhos sobre tua figura imovel

Afogando meus olhos em torrenciais lacrimosos

Cravando em minha memoria por derradeiro

O ramo de flor preso a teu cabelo

O divino do teu rosto sereno

A brancura macia do teu vestido?

Que dor é essa que me trava o riso

Trazendo consigo amarras tao amargas ao espirito

No esforço do ar suspirado aos pulmoes

Traduzidos no ultimo sorriso como despedida

No ultimo olhar como alento na cena final

Ao ser solitario que agora vaga na vida

Ao desconhecido que causa o rapto da alma desejada?

Que dor é essa que em toda a natureza expressa-se

No uivo doloroso dos caes la fora

Na lua que assite triste da sua gloria celestial

Da flor que balança lenta perdendo petalas

Nas nuvens que formam enigmas em contornos irregulares

Das gotas que caem do ceu ao rosto do ser enlutado?

Que dor é essa que mesmo dormente nao termina

Fazendo-nos desejar o dia frio pousado na lapide

Juntando a materia com a outra materia

Quando em vida completava tao divinamente

A alma gemea que antes compartilhava a vida?

VANDERLI ALVES(29 NOVEMBRO 2012)