POEMA ANACRÔNICO
Pela hora anacrônica
A multidão esperança.
À seleção novo coach!
O coringão se agiliza.
Mais um crime na rua
O comando se agita.
Há ingresso "de graça"!
A pagar pela graça
De elevar a debalde
Tanta felicidade...
Dentre tanta miragem,
Que o povão só aplaude.
Pela hora anacrônica
Nosso tempo agoniza.
Sobre a criança sem teto
Sobe mais um projeto
De estádio... entre gruas!
Se precisamos de médico!
Para tanta dor crua...
No hospital tantas filas
Mas a FIFA urgencia
Sua proposta mais justa.
Pela hora anacrônica
A vida silencia.
No cenário cansado
Andarilho atacado...
Nossa vida está nua!
Viaduto habitado
Num grafite zuado!
O cenário se encrua.
Pela hora anacrônica
Um discurso otimiza.
Um ministro elegante
Deu à copa semblante!
Ao perder-se o sopro:
Quando a sina do asfalto
Vitimou mais um corpo.
Pelas tendas montadas
Todo circo é desgraça!
Picadeiro concreto
De projeto abjeto.
Pela hora anacrônica
Soa a nota sinfônica.
A criança na rua
Não tem vaga na escola!
Vive à base da cola...
Pela hora anacrônica
Crescimento é esmola.
Minoria acalmada
Maioria açoitada
Com sorriso na cara.
Pela hora anacrônica
Dos sem nada, nem nome
Dentre tantos sem fome,
O futuro nos morre.
Já não somos mais pobres!
Educação era nobre!
Somos a fina prole!
Da geração malfadada
Sempre arrazoada
Bem abaixo da escala.
Pobre cidadania
Levou tiro na esquina...
Quanto anacronismo!
Até parece feitiço...
Pela hora anacrônica
O destino nos zomba.