Queria Luiza
Queria Luiza femininamente
comendo pipoca como a primeira vez que a vi.
Queria Luiza elegantemente
vestida,
ou com seu vestido bege estampado de verde
ou com seu vestido azul sensual de uma alça só.
Queria Luiza com as unhas bem feitas
parecendo uvas para serem chupadas,
degustadas...
Queria Luiza com as mãos untadas
de creme,
gostosas de se pegar.
Queria Luiza de sandália vermelha
ou com seus altos e finos saltos.
Queria Luiza da pele de veludo.
Queria Luiza que na sacada
esperava-me chegar.
Queria Luiza que comigo andava
avenida acima e avenida abaixo.
Queria Luiza que comigo visitava as vitrines
das lojas aos domingos
por não termos outra opção .
Queria Luiza que para mim contava
histórias de seus gatos.
Queria Luiza para quem eu lia
e gostava de me ouvir.
Queria Luiza com quem conversava
horas a fio nos corredores do edifício onde morava.
Queria Luiza que nas viagens
tomava meu ombro como almofada.
Queria esta Luiza que um dia existiu...
Queria Luiza...
Ah, somos todos hormônios e neurônios!
Aos quarenta os primeiros diminuem
e aos cinquentas os segundos... Tic-tac.
Leonardo Lisbôa – Barbacena 16/11/2000.
01:05h da madrugada – quinta-feira.
POEMA 853 – Caderno: Amor Dormido e Sonhado.