helena
helena
helena
helena
helena
chupava alfeles
refestelada na porteira;
no reflexo do olho azul-desejo
flexionava uma antena
Helena arriscava entre a negativa
e o quasetalvez flagrado
pelo diafragma do minuto
sempre indecisa entre o verde e o asfalto;
enrodilhava fumaça de cigarro
e lascava giletes com destreza
esquipava cavalos baios
na hora do fantástico
e alucinava novenas —
escorria perdas pelo ralo
Helena vivia cada dia
por sua vez
sacudia o grisalho dos cabelos
ofertado por raios de lua
e esquecia sua loucura:
ter perdido o siso
em quermesse de quaresma
fitando o impreciso outro
Helena planava
entre um e outro grito
procurando em cada espelho
um momento
Helena nem a si já pertencia
matutava cedo
despejava na cisterna gotas de tristeza
e ia coitar com o vento
- publicada em LINGUAJÁ, O TERRITÓRIO INIMIGO -