Noite fria

Travesseiro molhado

Liberdade crua

Coração inquieto

O barulho da rua, inconstante

pessoas, carros, motos, cães

passam alternantes pela minha janela molhada

por fora pela chuva,

por dentro pela solidão líquida que me escorre na face.

O gosto salgado da dúvida nos lábios,

onde estará você, Plenitude¿

Uma mão larga e forte aperta meu coração descompassado,

a dor da inutilidade escondeu o meu sono.

Vago de pensamentos em pensamentos,

não ocorre nada.

A estagnação dilacera meu corpo inerte.

Procuro algo lá fora

pelo vidro molhado e embaçado,

só vejo os vultos das folhas das árvores

dançando no vento e na chuva.

Paro uns instantes na felicidade e simplicidade

dos movimentos sincronizados que remetem

quase que a um espetáculo previa e intensamente ensaiado

Lindo, perfeito, divino!

Não encontro o que procuro,

mas sinto a esperança renovando-se suave,

quase que imperceptivelmente ante

aos encantos do belo, do livre, do puro, do natural.

Um calor tímido aquece o peito outrora frígido

E o pulsar da vida leva à face pálida,

tons de um rosa lhano.

O coração se equaliza com o ritmo das folhas,

hora de tentar outra vez...

Lençol frio

Peito quente

Abrigo seguro

Chuva constante

Por Achley Ravena de Mattos
Enviado por Jéssik Rubia Stein em 06/11/2012
Reeditado em 06/11/2012
Código do texto: T3971397
Classificação de conteúdo: seguro
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