Noite fria
Travesseiro molhado
Liberdade crua
Coração inquieto
O barulho da rua, inconstante
pessoas, carros, motos, cães
passam alternantes pela minha janela molhada
por fora pela chuva,
por dentro pela solidão líquida que me escorre na face.
O gosto salgado da dúvida nos lábios,
onde estará você, Plenitude¿
Uma mão larga e forte aperta meu coração descompassado,
a dor da inutilidade escondeu o meu sono.
Vago de pensamentos em pensamentos,
não ocorre nada.
A estagnação dilacera meu corpo inerte.
Procuro algo lá fora
pelo vidro molhado e embaçado,
só vejo os vultos das folhas das árvores
dançando no vento e na chuva.
Paro uns instantes na felicidade e simplicidade
dos movimentos sincronizados que remetem
quase que a um espetáculo previa e intensamente ensaiado
Lindo, perfeito, divino!
Não encontro o que procuro,
mas sinto a esperança renovando-se suave,
quase que imperceptivelmente ante
aos encantos do belo, do livre, do puro, do natural.
Um calor tímido aquece o peito outrora frígido
E o pulsar da vida leva à face pálida,
tons de um rosa lhano.
O coração se equaliza com o ritmo das folhas,
hora de tentar outra vez...
Lençol frio
Peito quente
Abrigo seguro
Chuva constante