Sangue novo
Raso olhar afiado que corta...
Outra luz ainda mais vermelha que a o do sol no horizonte.
Um olhar revelado, na calma dura de paz.
Cercado de desesperos alheios e próprios.
Olhos métricos, distâncias largas onde não se pode enxerga o futuro.
Flores aboletadas em beirais de estradas...
E o rumo incerto dos perfumes do verão, surgindo nos ventos.
Talvez eu esteja descamando, talvez eu tenha emprestado meus olhos a tudo!
Sonhos feitos no desaguadouro de infelicidades.
Uma palavra como o relâmpago aceso.
O verão sem remorsos, solto a deriva nos corações.
Nuvens incompletas na manhã, desamparadas em ventos.
O mundo se perdeu numa tristeza, e logo vai esmaecer.
E quer de nossas mãos um carinho perecível!
Um gesto infalível de prazer.
Deserto florido, no qual meus olhos se nutriram num pecado.
Campos vastos de costas nuas,
são para quando me abro para meu ínfimo.
E percorro a cidade na cidade.
Prédios que herdaram a imobilidade aparente.
Por gerações de pessoas, que já nem existem mais!
E que abrigam agora as mesmas vidas humanas, entre paredes da alma e do corpo.
As paredes das veias, seguram o choro de um coração,
e a pulsação dos enganos!
Enquanto o poema cresce, na imobilidade aparente de teu sangue.
Pulsando num ritmo duvidoso.
Meu coração filtra os segredos, leva o sangue para o interior das palavras.
Pois o sangue clama através do corpo, carregado de assombrações...
Mistérios trazidos na evolução dos passados.
Paisagens fantasmas.
O verão que muda para todas as chuvas, canção, puída de metáforas.
Esse e o meu instante sem memoria, palidez dos enganos.
Na pouca tinta que compõe meu sangue.
O sangue manchado de vozes e silêncios, que refletidos, são apenas silêncios diante de espelhos!
Paredes de sonhos e calor.
Quero uma flor, para o meu poema.
Então te escrevo flor palavra e cor.