Abandono
Sentimento que causa-me indigestão
Teu sabor amargo enche-me a alma
Mastigo a dor de grão em grão
Mata-me sem calma.
Buscando o que de ti me afasta
Lutando contra o desejo, regurgito de ojeriza
Na tentativa de um basta
Maldito seja o olhar que me aterroriza.
As letras já não querem mais se unir
Parafrasear já não é escolha
Sempre soube que não se pode iludir
Deixo-me aqui impresso em folha.
Amaldiçoado seja aquele que te carrega nos braços
Nem sequer olha-te nos olhos, mas beija-te os lábios
Ficará cada dia mais distante nossos laços
Ouvirdes não a tempo o que me disseram aqueles sábios.
Não entrega-te de olhos fechado ao sacrifício
Desfaço-me dos sonhos lembro-te sou teu vassalo
Interiorizo meus vermes e volto ao ofício
Livra-me do meu desejo escoa-o pelo ralo.
Levante-me a cabeça, devolva-me a dignidade
Já que seguistes em frente abra-me a estrada
Cansei-me de toda tua vaidade
Viverei mesmo que da forma errada.