SOMBRA NOTURNA

Às vezes é um surto

Ou talvez uma lucidez efêmera

Que me eleva o pensamento

E me arranca do mundo

E me arranca as amarras

E me arranca as máscaras

E me arranca as vestes

E me revela a mim mesmo

Num espelho inteiro

Diante do qual vejo minh’alma.

E num relapso de memória

Eu me perco no vácuo da existência

Que me envolve em sombras

Que me arrancam confissões

Que me arrancam temores

Que me arrancam invariáveis

Que me arrancam fantasmas

E me revelam sem face

Num espelho inteiro

Diante do qual me cego.

A escuridão da noite me esconde

O corpo e o fulgor

Num vazio de estrelas

Que me arranca a claridade

Que me arranca o sol

Que me arranca a aurora

Que me arranca espera

E me revela informe

Num espelho inteiro

Diante do qual abro os olhos em vão.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 26/10/2012
Código do texto: T3954180
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.