CRISPIM
BILLY BRASIL – 16-10-2012 – 02,09 HS – TERÇA.
PQI – SBC-SP
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A vela quase se apaga com o tremor das mãos de Crispim.
Enfrenta sucuris, onças pintadas, leões e elefantes.
Tem verdadeiro pavor de velório,
- até hoje não sabe por que é assim.
Transpira e fica tão sério que envelhece dezenas de anos,
- com a cabeça em seus chapéus deselegantes.

A boca seca, qualquer barulho seria como TNT nos ouvidos,
- explodindo pedras em pedreira.
As pupilas aumentam feito cachorro louco,
- não tem assunto, nada o interessa.
Único com habilitação no povoado,
- precisa dar uma força pra carregar o caixão do Raimundo.
O velho rabugento da cantina,
- não olha pro defunto nem que a vaca tussa,
- prefere guardá-lo na memória.
Nunca foi chegado a essas coisas do outro mundo.

Depois do enterro vai pra casa se recuperar,
- benze-se toma banho de quase uma hora.
Almoça, depois segue cantando pra roça onde ajuda
- o pessoal na lavoura.
E quando alguém pergunta como foi o velório,
- finge não ser com ele, diz: se continuarem o papo vai embora.
Encontra pro coelho de estimação, uma cenoura.

Crispim é assim.
Fim.

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