Cantoria
Saio de casa
As seis horas da manhã
Para caminhar na rua,
Do quilombo do Curiaú.
Para ver as araras vermelhas,
Para ver as araras azuis,
Lumiar de peito aveludado em cinza,
Para ver as flores amarelas e
Sentir da noite o ar da paz acomodada nos galhos.
Para ver o festejar da passarada,
Para ver o sol nascer na caminhada e
Beber a água do poço do mato.
Ouvindo romper a mata o ruflar dos tambores.
Saio de casa para assistir a dança do Marabaixo,
Encarnada pelas meninas herdeiras;
Pra ver o rio descer em corredeiras,
Pra ver o gado andar no pasto e
Céu em sua magia desenhar a alegria
De existir em mais um dia.