Tela: Georgia O'keeffe
CANGA
Minha canga, minha cabeça,
couraça de fios, de raças,
de cordas, de linhas,
feixe de córneas, lumens
e agouros...
Guardo aí dentro as marcas cinzeladas
do couro, os riscos do arco-íris,
os desejos, os solfejos da sanga.
A luz trespassa meus cabelos de olhos de milho.
Me sinto as vezes verde,
floresta sem trilha.
Outras, em noites de argila,
minhas palhas se mumificam
e os pássaros professam ninhos,
nessa concavidade sepulcral,
onde passeiam as formigas e os
insetos rastreiam ermidas,
sob essa ossada vegetal.
Ah, que eu habito essa cripta,
e bem que sempre daí ouço
o sibilar dos regatos...
murmurante ancestralidade!
www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
www.cordasensivel.blogspot.com
CANGA
Minha canga, minha cabeça,
couraça de fios, de raças,
de cordas, de linhas,
feixe de córneas, lumens
e agouros...
Guardo aí dentro as marcas cinzeladas
do couro, os riscos do arco-íris,
os desejos, os solfejos da sanga.
A luz trespassa meus cabelos de olhos de milho.
Me sinto as vezes verde,
floresta sem trilha.
Outras, em noites de argila,
minhas palhas se mumificam
e os pássaros professam ninhos,
nessa concavidade sepulcral,
onde passeiam as formigas e os
insetos rastreiam ermidas,
sob essa ossada vegetal.
Ah, que eu habito essa cripta,
e bem que sempre daí ouço
o sibilar dos regatos...
murmurante ancestralidade!
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