Espelho (Republicação)
Esther Ribeiro Gomes
‘Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem esses olhos tão vazios, nem o lábio amargo;
Em que espelho ficou perdida a minha face?’
(Cecília Meireles)
Em que espelho meu rosto se perdeu?
Esta imagem que vejo, não sou eu!
O tempo passa e deixa marcas indeléveis...
As do corpo podem ser amenizadas,
as da alma entristecem a caminhada...
As mãos delatam a verdadeira idade
e o olhar revela os segredos da alma,
guardados no baú da saudade...
O tempo passa, é a dura realidade!
O espelho faz reviver na memória,
fatos que marcaram meu rosto,
as amarguras, os desgostos,
cada ruga conta uma história!
Mas a alma é livre para voar,
ela não tem cor, nem idade,
transporá as portas da eternidade,
para ser feliz e sonhar!
Nos caminhos desta vida,
enriquecer a alma com sabedoria,
poderá trazer de volta a alegria
que o tempo, implacável,
não conseguirá levar!