Tempo sem tempo
O tempo é um ser ligeiro e sem graça,
rouba nos da mente toda a história
forçando nos apagar da memória:
as quedas, toda a ordem,toda a farsa.
Tira o sopro que roça a ferida.
Tira o corpo, figura incontida
Tira a brisa que a pouco acalanta.
Tira os anos que te serviam de manta.
Leva até o último suspiro ingrato
rompe a membrana límpida de fato
foge de suas veias o brilho certo
até o ponto que a luz não se faz perto.
E a morte e o tempo sonham juntas,
e no espaço entre revoltas muitas,
muitas coisas são atiradas fora,
pois tudo o tempo leva embora.
Amaro Nester.