Folia dos Reis

É carnaval?!...

Na avenida principal vereadores,

Deputados, prefeitos e governadores;

Pedem ao povo para não sair.

É carnaval?!...

O povo não tem a aonde ir.

Não tem saúde;

Não tem emprego;

Não tem lazer;

E a educação é um engodo.

Se alimeta ao seu filho pela manhã,

Antes de dormir não tem nem o que dizer.

Olha-se ao redor;

Olha-se o mundo...

Um país tão rico;

Tanta fartura,

Mas tem alguém dizendo;

Tem alguém dizendo pra você aceitar a miséria,

Como dádiva de Deus.

Eu não sou Ateu;

Eu não sou atoa;

Só,

Que vejo as coisas vivendo na rua da garoa.

Mais uma vez é carnaval!...

Todos querem ser salvadores de uma pátria.

Igrejas; pastores; rebeldes; políticos e matadores.

Ideologistas, ignorantes e sonhadores.

Mas o riso proposto, não tem graça.

Se não é o filho do vizinho preso;

Se não é a filha da vizinha prostituta;

É o meu filho boa vida fazendo coisas erradas apagando a culpa.

Temos que ter uma chance.

Não podemos viver tendo como condição a morte.

Opção é ter condições de escolher,

Mas hoje todos preferem se iludir,

Que morrer mais cedo alcançando o luxo é a melhor forma de viver.

Não sou contra cultura;

Não sou contra a moldura;

Nem estou ai para a economia;

Mas posso dizer que a vida...

Essa vida é muito dura.

Vivemos pela teimosia de não entender,

Que somos importantes para fazer o país crescer.

A todo dia somos desrespeitados.

Indignados não sabemos mais a quem nos dirigir,

Pois a justiça governa a própria justiça.

O capital integra o centro da cidade.

E nós nem sabemos mais o que fazer com os nossos filhos.

Não adianta exaltar o que fomos,

Se nem sabemos o que seremos.

O importante é construir hoje o que queremos ser amanhã.

Esperar por dias melhores,

Não vai muda a nossa vida.

Fazer algo para melhorar o hoje,

Com certeza será mais do que uma despedida.

É carnaval na avenida!

Tomam partido quem mais necessita;

Quem não precisa faz das bandeiras uma curtição de mídia.

É carnaval sim!

Precisamos fazer valer as nossas dores;

Do contrário,

Nem as cobertas esquentaram o nosso frio.

Mais angustiante do que a desigualdade humilhante,

É ver muita gente

Da gente,

Com a mesa

De nada.