Poema inteligível
Você meu amado inter-lócus-ator
Abre-me teu olhar e acede à dor
Que sabes desde Aristófanes sobre a lonjura
Das nuvens, como dizia Kolody sobre a doçura
Do ver o crer, De ver teu rever, de amar tua cara-paça
Mais deixemos de filosofia e rebuscajem
Sabes muito bem o fundo todo disso: simples bobagem
Tu também me dirias mil vezes no jogo mais perfeito
Da palavra rimada, amamentada, que o sentido de toda natureza
Não é cousa inata, não se anuncia na mata infinita, não. A eterna incerteza...
Claro que a boca poeta mais beija que verseja som, menos analisa que ama o defeito...
Poeta! Só tens que sei: Teu coração! Um peito!...
“Num poema extremo, o tema ou forma em vã negaça, toda marca da etérea raça!...”
Não vá pensando de mim...
Tudo bem, então pense... Assim sem querer saber tudo de cara. Enquanto tempo me passa...
Olha! Adivinhas-me já que preciso perceber o fim. O filho prolonga a energia que se estilhaça,
Desde a gênese remota, desde um Deus (outro nome?) ou furtivo motivo Tim-Tim por Tim-Tim...
Como um anjo no seu olhar de cima, como um instinto que anuncia uma ilusão tão bela
Como um messias céptico às palavras Suas Sementes, como voto de pobreza
Conjurado com tinta de ouro, filigranas amarelas, o arabesco desvio da esperteza...
Como olhar a morte do teu norte explodindo antítese de parnasiana sanha!
Tamanha beleza!...