INOCÊNCIA

INOCÊNCIA

Bem no fundo deste mar

há uma concha bem fechada

lugar certo pra guardar

a pureza preservada.

Tantas águas já passaram

e sua crosta inda resiste

seus veios já se afinaram,

mas a pérola ali existe.

Às vezes por atos falhos

sonhos bons foram ceifados,

tantos gritos nos atalhos

e o horror dos mutilados.

Janelas vendem silêncio

e inconfessos patuás,

marcas tristes pelos lenços

perguntam: o que restará?

Pouca coisa , com certeza,

da esquecida inocência

flor ardida sobre a mesa

aguarda voz de clemência.

Ainda que o sol não venha,

mesmo que a lua se vá,

as estrelas têm a senha

e clamam pra luz voltar.

Basilina Pereira

Basilina Divina Pereira
Enviado por Basilina Divina Pereira em 30/09/2012
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