INOCÊNCIA
INOCÊNCIA
Bem no fundo deste mar
há uma concha bem fechada
lugar certo pra guardar
a pureza preservada.
Tantas águas já passaram
e sua crosta inda resiste
seus veios já se afinaram,
mas a pérola ali existe.
Às vezes por atos falhos
sonhos bons foram ceifados,
tantos gritos nos atalhos
e o horror dos mutilados.
Janelas vendem silêncio
e inconfessos patuás,
marcas tristes pelos lenços
perguntam: o que restará?
Pouca coisa , com certeza,
da esquecida inocência
flor ardida sobre a mesa
aguarda voz de clemência.
Ainda que o sol não venha,
mesmo que a lua se vá,
as estrelas têm a senha
e clamam pra luz voltar.
Basilina Pereira