Luz dos olhos
Sou uma chama perdida...
Na mais densa escuridão.
Mal ilumino ao redor de mim mesmo!
O mar jamais avança os limites.
Meus delírios se apoiam nas vagas ondas
Sobrepujando outras pelo caminho verde escuro de suas águas
Meu enigma
A pedra preciosa que no encanto brilhou dentro de mim
Fez o contato com tudo que realmente sou
Em meu corpo faço o sol brilhar com apenas um olhar
Tudo acontece diante da contemplação
Sou apenas a razão te falando enquanto observas.
Nos olhos filtramos os nossos bocados
Para refilma-los em palavras
Mais que para olhos nos são apenas lembranças!
Descrição de imagens.
Não meço outros rastros!
Vou deixando o meu sem olhar para trás.
Não cultuo bonecos de carnavais
Cabeça de papel marche
E olhos emprestados.
Meus próprios traços de um coração deserto
Com derradeiros oásis
E pequenas flores embarcando nos meus olhos.
Filmo a manhã no céu de cor lusca
Original clarão que avulta de rósea luz o despertar.
Ou a tarde que dorme nas raízes do mundo.
E se vai...
Caindo com o sol no horizonte em cores tão profusas
De um crepúsculo a vermelhar.
O entardecer se acumula...
Em tudo que o dia produz!
E em nem um momento parei de olhar o sol ate ele se esconder
Completamente nas linhas imaginarias
Tirei meus sapatos
As frases mansamente se acostumaram a morar nos meus ouvidos
Ramos de vozes a crescer!
Na paisagem tão linda a se mover com o vento nas flores
Espelhadas nos olhos da contemplação
E espalhadas pelo vale
As flores e o verde que nos roubam a direção da face.
Desgasto a cor das serras
Imprimindo-as nos meus olhares
O vento saracoteando seus íngremes penhascos.
Meu olhar se encaixa a um céu de nuvens paralisadas.
Vejo as formas de luzes e sombras
Que se esbarram docemente ate se fundir!
Vou pintando as cercas de branco
Marcando os limites alheios.
Meus olhos vasculham os ventos
Que se partem sobre minha pele.
Meus versos desatinam
Procurando olhares delicados
Por becos escuros e ruas disfarçadas de sorrisos
Luzes nas paredes se distraem!
Meus versos choram aquilo que não a como dizer.
Meus olhos completam as canções dos pássaros.
E a superficialidade da felicidade humana!
Em meu frasco trago um lamento
E o ar maduro dos bosques
Entorpecentes!
Meus olhos decifram as imagens desgastadas
Pequenos e ricos detalhes arruinados
Pela sobriedade.