RECONCILIAÇÃO
Deem-se as mãos, olhem-se nos olhos,
Busquem-se no silêncio dos gestos escondidos,
Ou nos sentimentos adormecidos
Na alma e no coração.
O olhar diz mais do que as palavras,
Porque reflete o que há de mais profundo
No mais profundo do ser.
As mãos criam laços de ternura
Que nunca passam, e marcam como tatuagem
O caminho do encontros e dos desencontros.
A voz do silêncio clama, clama, se inflama
Para reacender A chama deste amor
Que não morre mas se esconde – onde?
Talvez nos segredos não ditos
Que se perderam ao longo do tempo,
Ou no momento que não houve,
E por isso não se ouviu a sua voz.
A terra está seca e a semente semeada.
Embora a vida pareça morta,
A sua essência permanece em latência –
Existência da carência do amor.
Revolver as cinzas. Renovar os sentimentos.
Restaurar os escombros. Pacificar os corações.
Derrubar muralhas. Destruir barreiras.
Desatar correntes. Desamarrar os nós...
E assim, tu e ele, ele e tu seremos “nós”,
Porquanto a palavra se vez vós,
A voz se fez gesto, o gesto se fez olhar,
Do olhar brilhou a luz, a luz dissipou as trevas,
E revelou o perdão.
Luz de Deus. Luz da Luz...
Reconciliação.
ALMacêdo