Senhores da Mesa
Sob a penumbra,
Entre a cortina e as cores ...
Falam os atores,
Falam penhores ,
Falam para se exaltar.
Entre ternos,
Brincos e falsos louvores,
Amigos e cantores...
Os reis vivem a boa vida.
Lá fora,
Nas periferias...
De joelhos,
Entre o submundo do lixo homens e mulheres,
Clamam por vida;
Mas lhe impõem dividirem a miséria,
Impõem-lhe morrerem a cada dia de indignação,
Ensinam-lhes a inocente ilusão,
Que a esperança vem do além;
Que vem de alguém portando uma bandeira;
Que vem de alguém, que compra a sua liberdade;
Que compra os seus filhos;
Que lhe diz que viver é assim.
Não precisamos das coisas;
Mas queremos respeito.
Se a Democracia é uma farsa,
Pelo menos a civilidade deveria ser humana.
Por favor...
Por favor me digam para quem serve o Estado?
Há bandidos na praça;
Há eleitos, sem qualquer qualificação.
Por favor...
Por favor ,me digam pra quem serve a justiça?...
Nos estamos presos dentro de casa.
Pecamos por religião
Pecamos por omissão;
Pecamos por corrupção;
Pecamos por excesso de perdão.
Vivemos a decapitação,
Gememos ouvindo da história os versos dos gritos de tortura de tantos pais e filhos;
Calados fomos solidários das lágrimas do luto das Marias e Clarisses;
Acompanhamos a derrubada do muro,
Prometemos luz ao escuro,
Enquanto a ordem voltava ao Progresso;
Enquanto nas caras pintadas a Democracia cingia a razão.
Enquanto a esperança vencia o medo,
Em todo esse enredo o descompasso foi de desunião.
Muitos se importam apenas com a sua necessidade.
Faltam com a verdade e
Dia a dia constroem o mapa da corrupção.
Atrás das capitais,
Bem em baixo dos subúrbios,
Onde o sol nasce,
Onde as estrelas dançam e
A poeira esconde o seu sorriso,
Continuam vendendo homens a prisão;
Fazem das mulheres uma prostituição;
Dos filhos da esperança uma ilusão.
Do amanhã uma incerteza.
Porque as escolas não são acesas;
A indignação é a única na mesa e
A falta de respeito é mais real,
Que a própria liberdade.
Por favor me digam para quem serve o Estado?
Por favor ,me digam pra quem serve a justiça?...
Se nós estamos dentro de casa vivendo a repressão.
Igualdade para todos,
Não porque somos irmãos,
Mas porque pregamos a Democracia da razão.