Sísifo

Os deuses haviam condenado Sísifo a rolar um rochedo,

Incessantemente até o cimo de uma montanha.

Porém o mais trágico do seu insuportável degredo

Era nunca ver terminada sua façanha.

Inevitavelmente a pedra rola encosta abaixo.

Sísifo desce ao covil dos deuses prontamente.

Levanta a massa sobre seus ombros cansados,

Seu destino sem fim começa novamente.

Vê-se um rosto crispado. Uma face colada à pedra.

Uma mão coberta de sangue e barro,

A força de um braço trêmulo, extenuado,

e o apoio teimoso de uma frágil perna.

Pobre Sísifo, eis o fim do seu esforço intenso,

Medido pelo espaço sem céu e tempo sem profundidade.

Que adianta empurrar até o alto um seixo imenso

Se ele descerá por toda eternidade?

Van Luchi
Enviado por Van Luchi em 21/09/2012
Reeditado em 04/03/2014
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