Sísifo
Os deuses haviam condenado Sísifo a rolar um rochedo,
Incessantemente até o cimo de uma montanha.
Porém o mais trágico do seu insuportável degredo
Era nunca ver terminada sua façanha.
Inevitavelmente a pedra rola encosta abaixo.
Sísifo desce ao covil dos deuses prontamente.
Levanta a massa sobre seus ombros cansados,
Seu destino sem fim começa novamente.
Vê-se um rosto crispado. Uma face colada à pedra.
Uma mão coberta de sangue e barro,
A força de um braço trêmulo, extenuado,
e o apoio teimoso de uma frágil perna.
Pobre Sísifo, eis o fim do seu esforço intenso,
Medido pelo espaço sem céu e tempo sem profundidade.
Que adianta empurrar até o alto um seixo imenso
Se ele descerá por toda eternidade?