REBANHO DE OVELHAS



Foto: Não sejas o de hoje.   
Não suspires por ontens ...   
Não queiras ser o de amanhã.   
Faze-te sem limites no tempo.   
Vê a tua vida em todas as origens.   
Em todas as existências.   
Em todas as mortes.   
E sabe que serás assim para sempre.   
Não queiras marcar a tua passagem.   
Ela prossegue:   
É a passagem que se continua.   
É a tua eternidade ...   
É a eternidade.   
És tu. 

[Cecília Meireles, Verso II In: Cânticos]



Quem escreve só vê os poemas como um
rebanho de ovelhas.
Necessário alguém que tenha outra visão
outra sensibilidade, uma outra interpretação da
sensibilidade da outra pessoa.
Dois olhos abrangem o horizonte de uma forma
outros vislumbram-no sob matizes diferentes.
O poema é um pedaço de cada um, nasce no
redemoinho da germinação intrínseca como podemos
comparar com a ruminação dos bois, dos cabritos que
ajuntam ervas sem mastigá-las e depois as ruminam
essência do alimento.
O poeta é da mesma forma.
Recolhe lágrimas, sorrisos, solidões, silêncios, o verde
e o azul do mar, os gestos das pessoas, irritados ou alegres
e assim, diariamente, após absorver toda essa imagem
joga no papel.
O poeta é um ruminador da natureza e do ser humano.
grevilha
Enviado por grevilha em 20/09/2012
Reeditado em 20/09/2012
Código do texto: T3892359
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