Oásis de amor *
O oásis
Tão buscado
Foi por fim divisado
Pelo viandante
Em sua busca incessante
De um pouso, ainda que breve
Na infinda viajem
Sob inclemente sol
E insaciada sede.
Ouve um brado:"VEDE!"
E não era miragem.
Incrédulo, pois bem ao contrário
De outras tantas visões parecidas
Não era produto, aquela, do seu imaginário.
As secas inclemências dava por não mais havidas.
Mas não só de água, palmeiras, suavizante brisa
Haveria de ser composto o seu deleite.
Existia uma tenda ali armada,
De textura acetinada
E sobre o chão, multicolor e macio tapete.
Servidos-lhe foram mel, tâmaras, leite,
Queijo mergulhado em azeite,
Tudo em infinita fartura.
Uma princesa de indescritível formosura
Foi-lhe à distância apresentada.
Estaria por fim exterminada
A fome e a sede com outros líquidos e iguarias,
Oferta sob as principescas vestes guardada
Mas só se dali saísse ela, com o viajante casada...
Ó! vida, como nos desafias...
Ao modo do Machado de Assis,
Eu, que dantes nunca o fiz,
Questiono-te a ti, leitor: Tu, o que farias?
*inspirado em VAZIO INQUIETANTE, poema de Beth Lucchesi