Verdade

Viver sem florescer,

inspirar é latejar

sangrando sem retornar,

presa num pesadelo de tortura

não ver o despertar com a manhã

eu queria não me importar,

a dor da minha carne trêmula

me esfaqueia por dentro

abre minhas entranhas doentes

minha alma do avesso procura o fim

sem achar repouso

nem poder gritar, adiante

ninguém pode me ajudar,

eu não posso me abandonar

convivendo com esse monstro maligno

me devorando internamente de culpa.

Não conseguir sair, mover, desestagnar

sem contrição respirar

vivendo cada dia sem viver

petrificada pela ideia do não acontecer

com o presente vazia

louca para escapulir do hoje,

do lar obscuro, dinastia que me aprisiona

me extermina por dentro

eu sei que não pequei tanto,

vivo no vácuo do nada

estrada de pedras esburacada

sem pousada a morte me assombra

desejaria mudar meu futuro,

sair desse estado de amargo desolar

poder te fazer feliz

e consequentemente a mim

nesse labirinto escuro

não sei se vou sair

ao menos pela metade

não sei se vou ficar

nem sei se há vontade.

Helena Dalillah
Enviado por Helena Dalillah em 11/09/2012
Reeditado em 19/11/2019
Código do texto: T3876674
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