Verdade
Viver sem florescer,
inspirar é latejar
sangrando sem retornar,
presa num pesadelo de tortura
não ver o despertar com a manhã
eu queria não me importar,
a dor da minha carne trêmula
me esfaqueia por dentro
abre minhas entranhas doentes
minha alma do avesso procura o fim
sem achar repouso
nem poder gritar, adiante
ninguém pode me ajudar,
eu não posso me abandonar
convivendo com esse monstro maligno
me devorando internamente de culpa.
Não conseguir sair, mover, desestagnar
sem contrição respirar
vivendo cada dia sem viver
petrificada pela ideia do não acontecer
com o presente vazia
louca para escapulir do hoje,
do lar obscuro, dinastia que me aprisiona
me extermina por dentro
eu sei que não pequei tanto,
vivo no vácuo do nada
estrada de pedras esburacada
sem pousada a morte me assombra
desejaria mudar meu futuro,
sair desse estado de amargo desolar
poder te fazer feliz
e consequentemente a mim
nesse labirinto escuro
não sei se vou sair
ao menos pela metade
não sei se vou ficar
nem sei se há vontade.