Um afogado
Deite-se no meu barco, pequena criança
Deite os restos de ti no meu convés
E naveguemos por onde convém
Deixemos nossas culpa na terra firme
Findemos nosso destino na ondas
Naveguemos o quão veloz pode o barco nos levar
Para terras distantes feitas de rochas e girassóis
Por um solo em que poderemos plantar
E adotar um novo nome
Pobre criança, a justiça do rei e dos homens é correta e precisa
Mas jamais alcançará as nossas almas
E eu aprendi a te amar
E a lhe abraçar nas noites em que não há ninguém
meu pequeno príncipe disforme
eu te amo pois sei que também é eu
e sei que é somente na sua dor que a minha se finda
venha minha criança, deite o que sobrou de si ao meu lado
lhe ofereço apenas o que o mar pode lhe dar
lhe ofereço o mais pudico esquecimento