AS HORAS

AS HORAS

Escuto a linguagem da noite

como se buscasse no tempo

os sonhos incandescentes

que desafiam o tic-tac do relógio.

Além do orvalho esquivo

que se recusa a regar meus pensamentos

despontam lembranças ingratas,

mutáveis, mas assim mesmo tão ferinas.

Na penumbra das horas

vagas formas deságuam

de meus olhos sem estrelas

e seguem o rastro das gaivotas.

Procuro a voz no silêncio: presa,

ensaio um canto obscuro

pra que a brisa retorne com seu eco,

mas o som que volta é oco, é pouco.

Basilina Pereira

Basilina Divina Pereira
Enviado por Basilina Divina Pereira em 31/08/2012
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